Cortinas e braços abertos para receber as Férias Divertidas no Theatro Treze de Maio

Bernardo Abbad

Cortinas e braços abertos para receber as Férias Divertidas no Theatro Treze de Maio

Um dos palcos mais queridos de Santa Maria, o Theatro Treze de Maio, recebe mais uma edição do Carrossel Cultural – Férias Divertidas na próxima semana. A iniciativa é gratuita para o público, financiada pela Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria (LIC) e conta com cinco diferentes apresentações para animar as férias da criançada.

O projeto prevê quatro dias de espetáculo e tem realização de Angélica Silva Produções, com Promoção do Theatro Treze de Maio, o incentivo cultural de Pampeiro e Unimed Santa Maria e o financiamento da Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria.

– O Carrossel Cultural foi pensado com a intenção de valorizar a cultura e os artistas de nosso município, bem como proporcionar através de diferentes espetáculos, um prazeroso e divertido momento artístico e cultural – explica Angélica.

Muito além de proporcionar momentos de descontração, manifestações artísticas como esta também possuem caráter pedagógico para as crianças. Segundo Ana Emília da Rosa Kessler, pedagoga, professora de Educação Infantil e acadêmica do curso de licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o teatro é capaz de estimular uma atividade comum na rotina dos pequenos: a descoberta e redescoberta do mundo:

– A vivência teatral representa um espaço repleto de possibilidades para experienciar. Impacta em questões relacionadas à socialização, formas de se relacionar e entender a si, os outros e o mundo, o contato com diferentes contextos e ideias, bem como no desenvolvimento da comunicação e expressão, autoconhecimento, autonomia, etc. Oferecer espaços de acesso a eventos culturais contribui para o desenvolvimento integral dos sujeitos, e é de extrema importância que se pense tais espaços com e para as crianças.

Para a Secretária da Cultura de Santa Maria, Rose Carneiro, a importância desse projeto está relacionada à formação de plateia desde a infância, estimulando o lado lúdico e mostrando a importância da arte. Outro aspecto valioso dessa experiência é o fortalecimento do senso de pertencimento:

– Quando as crianças vão ao Theatro Treze de Maio, um patrimônio cultural da cidade (e do país), passamos a mensagem de que este espaço pertence a todos. É o espaço próprio para assistir a um espetáculo artístico, diferente de qualquer outro lugar, e é um espaço de todos. Assim, aprendemos, desde cedo, a valorizar a arte e o patrimônio cultural. A Lei de Incentivo é fundamental neste processo de fomento e de valorização da arte e da cultura na formação integral das nossas crianças.

O artista Tiago Teles, que faz parte do espetáculo Clownfusão, compreende que existem dois pontos muito importantes nesta iniciativa:

– O projeto é muito importante por fazer que o público infantil vá construindo consciência sobre a arte teatral e que os artistas de Santa Maria tenham palco.

Outra forma de incentivar a formação de público infantil, conforme Ana Emília,  é a partir da vivência teatral com jogos, experimentações, faz de conta e outras atividades que incentivem a imaginação.

– Não basta pensarmos em formar público para o teatro, é preciso pensar em formar um público capaz de interagir, sentir e refletir com e a partir do que está assistindo, e isso não tem idade! – conclui a pedagoga Ana Emília.

CLOWNFUSÃO

A palhaformance ClownFusão – O Poder Subversivo do Sistema Capitalhaço é uma apresentação circense de palhaçaria em que os palhaços disponibilizam para o público um cardápio de opções a serem adquiridos e apreciados. No menu, o público conta com sabores de diferentes técnicas circenses como roda cyr, malabares, acrobacia, mágica, monociclo, entre outras surpresas. Tudo temperado com o bom e o velho sabor da linguagem do palhaço. Para Felipe Mendes, a motivação de construir a lógica da palhaformance tem relação com o sistema econômico:

– Surgiu da ideia de questionar o sistema capitalista, porque os artistas de rua apresentam e depois passam o chapéu? A ideia era reverter isso: primeiro as pessoas compravam o número e, posteriormente, a gente apresentava o número.

O projeto deriva da pesquisa de mestrado de Tiago Teles, em performance, o conceito é palhaformance, que é o atravessamento entre a performance-arte e arte do palhaço.

– A ideia é criar um espetáculo interativo, que consiga fazer com que o público pense e atue sobre algo da nossa sociedade, que possamos refletir sobre o sistema capitalista e como a gente pensa nele. Geralmente, o público não consegue assistir a todos os números, mas essa é a brincadeira mesmo. Eles têm que comprar os números e lidar com essa questão monetária que o espetáculo impõe – explica Tiago.

O Clownfusão – O Poder Subversivo do Sistema Capitalhaço é um espetáculo para disponibilizar a arte para as pessoas e dar suporte artístico à sociedade. E o melhor de tudo é que toda família pode assistir.

Onde – Theatro Treze de MaioCom – Tiago Teles e Felipe MendesQuando – Terça, dia 26, às 15h e 18hDe graça

A Tartaruguinha que perdeu o casco

A peça conta uma linda história sobre amizade, solidariedade e doação de órgãos. É baseada em um livro infantil que narra a jornada de uma tartaruga que perdeu seu casco e encontra vários amigos durante a busca por algo que possa ajudá-la.  A Companhia Armazém assina este e mais dois espetáculos do Carrossel Cultural: As Histórias do Vô Venâncio e Trem Maravilha. Idealizada pelos sócios Patrícia Garcia e Ricardo Paim, a companhia atua desde 2008 e realiza apresentações para diferentes faixas etárias, inclusive fora de Santa Maria.

Sobre a peça da Tartaruguinha, Patrícia explica por que todos podem se emocionar:

– A peça tem a ideia de conscientizar principalmente as famílias sobre a doação de órgãos para crianças. A tartaruga quebra o casco e depende de encontrar outro casco para continuar viva. Embora a história seja para criança, ela é muito bonita e sensibiliza a todos.

A proposta é construir a história de uma forma lúdica e diferente para chamar a atenção das crianças. O resultado é emoção por todos os lados, desde os pequenos que compreendem a mensagem, até os adultos que se emocionam pela sensibilidade do assunto.

Onde – Theatro Treze de Maio  Com – Felipe Mendes, Patrícia Garcia, Ricardo Paim, Tiago TelesQuando – Quarta, dia 27, às 15h e 18hDe graça

A caligrafia de Dona Sofia

Dona Sofia, uma professora aposentada, busca entender qual o seu lugar no mundo e acompanhada de Seu Ananias, o carteiro mais simpático do vilarejo, e das fadas poéticas Léa, Lia e Cléa adentra numa aventura poeticamente linda, cheia de emoção e magia. “A beleza-espoleta que passa sem que olho possa perceber. Ninguém sabe qual é sua graça. É só o poeta que vê”. O espetáculo A Caligrafia de D. Sofia é uma história de André Neves e direção de Julio Cesar Aranda. Helquer Paez, integrante da Cia Retalhos de Teatro desde a fundação, atua no espetáculo como o carismático carteiro Seu Ananias:

– Ele tem a alma pura. É muito simpático, amado por todos no vilarejo onde mora e muito amigo de D. Sofia. A pedido dela, ele entrega cartões poéticos aos moradores – conta Helquer.

O grupo Cia Retalhos de Teatro existe há mais de 25 anos e já entrega sua origem no nome: ele surgiu do material usado para compor o figurino do primeiro espetáculo apresentado em 1995. Além de atuar nos palcos, a Cia. Retalhos ocupa outros espaços, como os ônibus, hospitais, asilos, escolas e praças com o projeto Passageiros da Alegria. Durante a pandemia, projetos como este, precisaram se adaptar para o formato online. O grupo tem ótimas expectativas para se apresentar no palco do Theatro com A Caligrafia de D. Sofia:

– A expectativa com o público é a melhor possível. Ter essa troca de energias no teatro presencial é maravilhoso. A importância dessa ação é incentivar a arte e cultura e ainda levar a família toda ao teatro.

Onde – Theatro Treze de Maio  Com – Rafaela Drey Costa, Helquer Paez, Camila Marques, Hellen Höher Bohrer e Fernanda KühleisQuando – Quinta, dia 28, às 15h e 18hDe graça

As histórias do Vô Venâncio

Vô Venâncio (Ricardo Paim) é um personagem tipicamente gaúcho que, junto com sua neta Feliciana e seus dois amigos músicos, visita Feiras do Livro, escolas, espaços públicos e eventos de vários locais para proporcionar a criançada um divertido e inusitado momento cultural através de suas histórias e causos. A criança participa ativamente da história, podendo ela mesma ser um dos personagens, como chapeuzinho vermelho, lobo mau, cacique, Imembuí, entre outros. Segundo Patricia Garcia, atriz da Companhia Armazém, as histórias do Vô Venâncio é o espetáculo mais antigo da companhia:

– Está em cartaz desde 2009 e vai se moldando conforme o Vô Venâncio vai amadurecendo. Uma das vantagens do espetáculo é que ele trabalha com contação de histórias, então a gente tem essa liberdade de trocar a história que vai contar. Se é um público que já assistiu, a gente tem novas histórias.

A cantora Deborah Rosa, que também era amiga pessoal do elenco, fazia parte do espetáculo até 2020. Após a morte da artista, em março de 2021, a montagem foi readaptada.

– Hoje temos uma versão do Vô Venâncio que ele conta lendas gaúchas e que ainda não foi apresentada no teatro. É bem marcante para a gente porque é a primeira depois de tudo o que aconteceu e com esse novo formato.

TREM MARAVILHA

O espetáculo musical conta a história do Trem Maravilha, uma famosa banda infantil dos anos 1980. Após mais de 20 anos, eles se reúnem para relembrar os anos dourados da banda e tocar uma última vez! Através do repertório, uma nostalgia para os adultos e uma descoberta para as crianças! O espetáculo foi criado durante a pandemia e a foi apresentado três vezes online pela Companhia Armazém. As janelas do teatro também receberam o Trem Maravilha durante a Feira do Livro de 2021, época em que ainda não podia ter público no Theatro.

– Essa vai ser a primeira vez que vamos apresentar o Trem Maravilha no palco do Theatro com público presencial. Estamos muito animados! É um espetáculo musical que revive o sucesso das músicas infantis dos anos 1980 e 1990. A banda é superanimada e é tudo muito colorido. Esse espetáculo vai ser um encerramento muito legal para o projeto carrossel férias divertidas.

A fórmula que desperta o interesse do público infantil

Se você se interessa em saber como é possível organizar uma peça que tenha impactos positivos na formação de público infantil, preste atenção nas dicas da pedagoga Ana Emília:

Estética – As possibilidades são muitas, não precisa se restringir a uma explosão de cores – o que, por vezes, acontece quando se pensa em produzir coisas para crianças. Propor diferentes vivências estéticas é fundamental para enriquecer o processo.

Complexidade – Não subestime! As crianças são absolutamente capazes de compreender questões complexas, o que deve ser levado em consideração é a forma como isso vai ser organizado. Uma linguagem acessível, que crie vínculos com as vivências das infâncias, é fundamental.

Faixa etária – Diferentes faixas etárias vão interagir de diferentes formas com o que está sendo apresentado. É importante pensar para qual público o espetáculo está organizado. Isso quer dizer que se eu montar um espetáculo para crianças pequenas, outras faixas etárias não poderão aproveitar a experiência? Não, mas levar isso em consideração nos dá direcionamentos e possíveis caminhos a seguir.

Interação – Criar espaços para que as crianças se relacionem de maneira ativa com o que está sendo apresentado. A curiosidade é intrínseca às múltiplas infâncias, e as diferentes dinâmicas entre criança e teatro podem gerar relações muito potentes.

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